Denúncia aponta supostas irregularidades na gestão da Escola Pingo de Gente, no distrito de Revés do Belém
BOM JESUS DO GALHO — Moradores do distrito de Revés do Belém, em Bom Jesus do Galho, levantaram questionamentos sobre possíveis irregularidades na gestão da Escola Pingo de Gente. A denúncia, publicada em uma rede social, sugere que a prefeitura mantém informal e irregularmente como “diretor” o responsável pelo cargo, mesmo sem a devida qualificação. Segundo o texto, o mesmo gestor, que atuou também no ano letivo anterior, acumula dois contratos como professor na rede pública municipal, com remuneração total de R$ 6.084,48, sem cumprir as cargas horárias previstas em contrato, enquanto o cargo de Diretor de Educação prevê um salário de R$3.300,00.
O caso também envolve acusações de favorecimento na contratação de parentes do gestor, direta ou indiretamente, por meio da Prefeitura de Bom Jesus do Galho. A publicação cobra providências das autoridades e sugere que a situação pode configurar improbidade administrativa.
A legislação brasileira estabelece critérios rígidos para nomeações em cargos de gestão escolar, exigindo qualificações específicas e, em muitos casos, processos seletivos transparentes. Especialistas ouvidos pela reportagem alertam que nomeações sem critérios técnicos comprometem a qualidade da educação e ferem princípios constitucionais como impessoalidade e moralidade, conforme o artigo 37 da Constituição Federal.
CARGA HORÁRIA
Mensagens enviadas reforçam as denúncias, indicando que o gestor mantém parentes no quadro de funcionários da escola, muitos deles sem formação adequada. Segundo o relato, houve uma procura incomum por declarações de matrícula em cursos de pedagogia no início do ano passado, o que levantou suspeitas de que a medida serviria para garantir a permanência dos contratados.
Outra acusação grave envolve a carga horária do diretor. De acordo com fontes, ele recebe salário correspondente a oito horas diárias de trabalho, mas não cumpre integralmente essa jornada. “Todo mundo que trabalha lá sabe disso, as pessoas da comunidade sabem disso, ninguém denuncia”, afirmam.
O relato também aponta resistência à contratação de professores mais experientes, sugerindo que há tentativas de barrar educadores que poderiam questionar a atual gestão. “Ele não quer gente estudada, porque tem medo de passar a perna nele”, disse uma professora que preferiu não se identificar.
Moradores também chamam atenção para o caso de uma ex-professora, conhecida na comunidade como Gracinha, que teria sido afastada há cerca de três anos, mesmo sendo considerada uma das mais experientes e queridas da região. “Ela trabalhou muitos anos na prefeitura, só com o magistério. Depois se qualificou, e todo mundo queria que os alunos estudassem com ela. Não sei que encrenca arrumaram com ela, mas demitiram. Ela se mudou pra zona rural e ninguém mais ouviu falar”, relatou um morador em áudio enviado à redação.
A comunidade pede apuração dos fatos e mais transparência na gestão da escola, considerada referência no distrito. Até o momento, a Prefeitura de Bom Jesus do Galho não se manifestou oficialmente sobre as denúncias.
Legenda: Comunidade escolar denuncia nomeações sem critérios técnicos, acúmulo de cargos e favorecimento a familiares em escola municipal de Revés do Belém.